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Brasil Campeão Olímpico 2020

Os Jogos Olímpicos de Tóquio foram realizados em tempos difíceis. A pandemia do coronavírus atrasou as disputas de 2020 para 2021, mas a vontade dos atletas de vencer permaneceu a mesma. E na melhor participação brasileira em um século de história olímpica, o futebol masculino não poderia ficar de fora da festa, conquistando o bicampeonato nos gramados japoneses. A competição seguiu o mesmo regulamento das últimas edições, com 16 seleções divididas em quatro grupos. A única mudança foi forçada pelo adiamento do evento: jogadores de 24 anos foram autorizados pela FIFA e pelo COI a participarem das partidas.
A pressão pela conquista do ouro já era coisa do passado, e o Brasil começou a jornada no grupo D da primeira fase. A estreia foi contra a Alemanha, vencendo por 4 a 2. Na segunda rodada, um empate chato por 0 a 0 contra a Costa do Marfim. A classificação foi confirmada no terceiro jogo, em vitória por 3 a 1 sobre a Arábia Saudita. Com sete pontos, a Seleção Brasileira ficou na liderança da chave. Nas quartas de final, o Brasil passou pelo Egito com vitória simples, por 1 a 0. Na semifinal, foi a vez de eliminar o México (na revanche de 2012) com 4 a 1 nos pênaltis após 0 a 0 na partida e na prorrogação. A final foi contra a Espanha, que havia passado sobre Argentina, Austrália, Costa do Marfim e Japão. Mas antes da decisão, teve a disputa do bronze, com os mexicanos fazendo 3 a 1 sobre os japoneses.
A medalha de ouro foi decidida em Yokohama, no Estádio Internacional - o mesmo em que o Brasil levou o penta na Copa do Mundo, em 2002. Depois de 19 anos, o reencontro com o palco foi sem público na arquibancada e de jogo tenso em campo. O placar foi aberto aos 47 minutos do primeiro tempo, com Matheus Cunha. Antes, Richarlison tinha perdido um pênalti, atirando a bola para fora. Os espanhóis empataram aos 16 do segundo tempo, com Mikel Oyarzabal. A partida foi à prorrogação, e aos três da segunda etapa extra Malcom recebeu assistência de Antony para fazer 2 a 1. Os 12 minutos restantes foram de muita emoção, mas a Espanha não conseguiu reagir e o Brasil segurou o resultado para conquistar o segundo título olímpico.

A campanha do Brasil:
6 jogos | 4 vitórias | 2 empates | 0 derrotas | 10 gols marcados | 4 gols sofridos


Foto Fernando Vergara/AP

Brasil Campeão Olímpico 2016

Demorou 120 anos, mas as Olimpíadas enfim desembarcaram na América do Sul. A cidade escolhida para o momento histórico, nos Jogos de 2016, foi o Rio de Janeiro. E precisava ser no Brasil mesmo para que uma espera de 64 chegasse ao fim. A Seleção Brasileira de futebol estreou nos Jogos Olímpicos na edição de 1952, em Helsinque, em uma época em que apenas seleções amadoras eram autorizadas a participar. De lá até 2012 o Brasil amargou péssimos resultados, como quedas para equipes de menor nome nas fases de grupos e derrotas categóricas para as forças máximas do lado socialista, que dominou o pódio até os anos 1980.
E a sonhada medalha ouro veio depois de uma campanha invicta. Mas o começo dela foi preocupante. No grupo A da primeira fase, a Canarinho estreou com empate sem gols contra a África do Sul. A sequência seguiu com outro 0 a 0, desta vez contra o Iraque. Com a situação precisando ser revertida imediatamente para que o vexame de ser eliminado cedo diante do próprio torcedor fosse evitado, o Brasil enfrentou a Dinamarca precisando vencer. E conseguiu, goleando-a por 4 a 0. Com cinco pontos, a seleção ficou na primeira posição da chave. Nas quartas de final, vitória por 2 a 0 sobre a Colômbia. A semifinal foi contra Honduras, e com acachapantes 6 a 0 o time o brasileiro chegou na decisão.
A final foi contra a carrasca do 7 a 1 na Copa do Mundo 2014: a Alemanha. Ela chegou lá após passar por México, Fiji, Portugal e Nigéria. Na disputa pelo bronze, antes da decisão, os nigerianos bateram os hondurenhos por 3 a 2. Brasileiros e alemães se enfrentaram no Maracanã. Ambas as equipes nunca haviam vencido uma Olimpíada no futebol masculino. E com essa credencial, somada à do 7 a 1, era possível cortar a tensão no gramado com uma faca. Neymar abriu o placar, de falta, aos 27 minutos do primeiro tempo. Aos 14 do segundo, Max Meyer empatou. O 1 a 1 ficou no placar pelo resto dos 120 minutos da partida, e a definição a favor do Brasil veio nos pênaltis: 5 a 4, com Nils Petersen tendo a última cobrança alemã defendida por Weverton e Neymar convertendo a derradeira do time brasileiro, para delírio da torcida.

A campanha do Brasil:
6 jogos | 3 vitórias | 3 empates | 0 derrotas | 13 gols marcados | 1 gol sofrido


Foto Ricardo Stuckert/CBF

México Campeão Olímpico 2012

Pela terceira vez na história, Londres recebeu uma edição da Olímpiada. Em 2012, a capital britânica tornou-se na pioneira a ter três ciclos dos Jogos em seu currículo. A escolha do COI implicou em um ressurgimento no futebol. Desativada desde 1960, a seleção da Grã-Bretanha foi reunida para representar o país-sede. Mas somente jogadores ingleses e galeses participaram do combinado. De resto, as coisas caminharam dentro das expectativas, com as potenciais zebras desfilando nas partidas e a medalha de ouro no masculino ficando pela primeira vez com uma equipe da Concacaf.
Sem nem mesmo um bronze nas nove participações anteriores que teve, o México conseguiu seu lugar ao sol com muito esforço e uma dose de sorte nos chaveamentos do mata-mata. No grupo B da primeira fase, "El Tri" iniciou a campanha com empate sem gols contra a Coreia do Sul. A primeira vitória veio nos 2 a 0 sobre o Gabão, na partida seguinte. A classificação foi obtida na rodada final, no 1 a 0 sobre a Suíça. Com sete pontos, o time mexicano ficou na liderança da chave. Nas quartas de final, Senegal foi o adversário e o México precisou da prorrogação para vencer por 4 a 2. A semifinal foi jogada contra o Japão, e por 3 a 1 os mexicanos conseguiram um lugar na decisão, pela primeira vez na história. Do outro lado chegava o Brasil, que àquela altura já transformara a busca pelo ouro em uma obsessão.
Duas pratas, dois bronzes e inúmeros fracassos depois, a equipe brasileira aparecia de novo na final ao eliminar Bielorrússia, Nova Zelândia, Honduras e Coreia do Sul. Antes, a medalha de bronze foi definida a favor dos sul-coreanos, que fizeram 2 a 0 no clássico contra os japoneses. O ouro foi decidido em Wembley, que em nada lembra - exceto pelo nome - o antigo estádio, palco da final de 1948 e demolido em 2000. O México não temeu o favoritismo brasileiro e tratou logo de enterrar o sonho do adversário no primeiro minuto da partida, no gol de Oribe Peralta. Aos 30 do segundo tempo, Peralta marcou novamente e matou qualquer reação que o Brasil poderia ter. Só aos 46 que o goleiro José Corona foi vazado, por Hulk. No fim, festa dos muchachos pelo primeiro título olímpico.

A campanha do México:
6 jogos | 5 vitórias | 1 empate | 0 derrotas | 12 gols marcados | 4 gols sofridos


Foto Arquivo/COI

Argentina Campeã Olímpica 2008

Passam-se mais quatro anos na jornada olímpica. Os Jogos de 2008 aconteceram na cidade de Pequim, a capital da China. Pouca coisa mudou desde a edição anterior do torneio de futebol masculino. A hegemonia seguiu forte, e a Argentina foi premiada com sua segunda medalha de ouro seguida, em um feito atingido somente pela Grã-Bretanha do começo dos anos 1910, pelo Uruguai dos anos 1920 e pela Hungria dos anos 1960.
Liderados em campo por Juan Roman Riquelme e Lionel Messi, os hermanos ficaram no grupo A das Olimpíadas. A estreia foi contra a Costa do Marfim, em partida vencida por 2 a 1 pelo time argentino. Na segunda rodada, vitória por apenas 1 a 0 sobre a Austrália. Com a classificação já garantida, a Argentina derrotou a Sérvia por 2 a 0 na terceira partida e voltou a fazer os nove pontos na primeira fase. Nas quartas de final, um difícil jogo contra a Holanda. A Albiceleste precisou da prorrogação para fazer 2 a 1 e avançar à semifinal. Então foi a vez de enfrentar o Brasil. Se as dificuldades foram grandes anteriormente, uma incrível facilidade tomou conta da Argentina na semifinal. Com 3 a 0 no placar - dois gols de Sergio Agüero e outro de Riquelme -, a equipe portenha despachou seu arquirrival e partiu rumo a mais um ouro.
O oponente da Argentina na final foi a Nigéria, que chegou lá ao bater Estados Unidos, Japão, Costa do Marfim e Bélgica. O jogo foi realizado no Estádio Nacional de Pequim, conhecido também como Ninho do Pássaro. Diferentemente de 12 anos antes, quando os argentinos foram surpreendidos pelos nigerianos e ficaram com a prata, agora a história seria outra. Foi com um gol solitário de Ángel Di María, aos 13 minutos do segundo tempo, que a Argentina fez 1 a 0 e chegou ao bicampeonato olímpico. A revanche sobre os africanos completou um ciclo vitorioso nas categoria inferiores do futebol hermano: foram duas medalhas douradas nos Jogos Olímpicos e dois títulos no Mundial Sub-20 entre 2004 e 2008. Um oásis no meio do deserto de taças que já afetava a Argentina há 15 temporadas.

A campanha da Argentina:
6 jogos | 6 vitórias | 0 empates | 0 derrotas | 11 gols marcados | 2 gols sofridos


Foto Bob Thomas/Getty Images

Argentina Campeã Olímpica 2004

Depois de 108 anos, os Jogos Olímpicos voltavam para sua verdadeira casa. A grega Atenas recebeu as Olimpíadas de 2004 com oito anos de atraso, pois o plano original era de que o centenário do evento fosse na cidade. Mesmo assim, nada foi capaz de tirar a grandiosidade da organização. Foi tanto dinheiro investido, que mais tarde a Grécia mergulharia em uma crise econômica sem precedentes. E se nos primeiros Jogos da história o futebol mal existia e não foi incluído no programa, agora a situação era bem diferente. O torneio seguiu o mesmo regulamento em vigor há quase três décadas, e foi a quarta edição disputada com seleções sub-23.
Algo comum no que se refere às Olimpíadas, países tradicionais no futebol passavam longe da medalha de ouro. Um deles era a Argentina, que até ali colecionava duas pratas (1928 e 1996) e sentia que precisava preencher o espaço que faltava subindo no topo do pódio. A espera enfim acabaria. No grupo C da competição, a Albiceleste já mostrava suas armas na estreia, ao golear Sérvia e Montenegro por 6 a 0. A classificação chegou antecipadamente, na vitória sobre a Tunísia por 2 a 0. A primeira fase chegaria o fim no 1 a 0 sobre a Austrália, na última partida. Com nove pontos, a Argentina passou na liderança da chave. A sequência perfeita seguiu nas quartas de final, nos 4 a 0 sobre a Costa Rica. Na semifinal, o time argentino derrotou a Itália por 3 a 0, chegando na decisão com muita facilidade. Seu adversário foi o Paraguai, que eliminou Gana, Japão, Coreia do Sul e Iraque.
A disputa valendo o bronze foi jogada entre italianos e iraquianos, com vitória europeia por 1 a 0. Pelo ouro, Argentina e Paraguai se enfrentaram no Estádio Olímpico de Atenas. Depois de tantos gols nas fases anteriores, o placar que deu o título aos hermanos foi econômico: só 1 a 0, gol marcado por Carlos Tevez aos 18 minutos do primeiro tempo. O merecido título inédito chegou com 100% de aproveitamento na campanha e nenhum gol sofrido. Tevez ainda foi o artilheiro dos Jogos, com oito gols.

A campanha da Argentina:
6 jogos | 6 vitórias | 0 empates | 0 derrotas | 17 gols marcados | 0 gols sofridos


Foto Bob Thomas/Getty Images

Camarões Campeão Olímpico 2000

Entre datas e marcos históricos, a Olimpíada atravessou o o novo milênio. Os Jogos de 2000 viajaram até ao outro lado do mundo e foram sediados em Sydney, na Austrália. E se quatro anos antes os especialistas ficaram surpreendidos com o ouro da Nigéria, o recado estava dado: camisa já não bastava mais para ganhar partidas e seguir adiante no torneio masculino de futebol. A confirmação dos fatos veio nos gramados da Oceania, com a seleção de Camarões.
A parte dois da escalada africana teve início no grupo C da primeira fase. Os Leões Indomáveis estrearam com vitória por 3 a 2 sobre o Kuwait. Na segunda rodada, empate por 1 a 1 com os Estados Unidos. E no último jogo, outro empate por 1 a 1, desta vez com a República Tcheca. Os resultados deixaram Camarões com cinco pontos, na vice-liderança. Por um gol a menos de saldo, eles perderam a ponta para os norte-americanos. O principal capítulo da história camaronesa foi escrito nas quartas de final. Contra o Brasil, duas expulsões tornaram as coisas difíceis. Mas o gol de Patrick M'Boma aos 17 minutos do primeiro tempo dava a vitória à equipe. O empate brasileiro veio com Ronaldinho aos 49 do segundo tempo, e parecia que o caminho seria encerrado na prorrogação. Porém Modeste M'bami fez 2 a 1 aos oito do segundo tempo extra, e o gol de ouro deu sequência à trajetória. Na semifinal a vítima foi o Chile, com outro emocionante 2 a 1, agora de virada no último minuto.
A definição das medalhas na final foi contra a Espanha, que eliminou Coreia do Sul, Marrocos, Itália e Estados Unidos. Na disputa pelo bronze, os chilenos fizeram 2 a 0 nos norte-americanos. A grande decisão foi jogada no Olímpico de Sydney, novamente com traços dramáticos. Já aos dois minutos de partida, Xavi abriu o placar aos espanhóis. Aos 47, Gabri García aumentou. Mas Camarões voltou com tudo para a última etapa, buscando o 2 a 2 com gol contra de Iván Amaya aos oito e Samuel Eto'o aos 13. A prorrogação passou toda em branco, e o ouro foi definido nos pênaltis. Amaya errou pelo lado europeu e todos os camaroneses converteram suas cobranças. Por 5 a 3, os Leões conseguiram o título inédito e histórico.

A campanha de Camarões:
6 jogos | 3 vitórias | 3 empates | 0 derrotas | 11 gols marcados | 8 gols sofridos


Foto Popperfoto/Getty Images

Nigéria Campeã Olímpica 1996

As Olímpiadas completaram 100 anos em plena forma e com muitos avanços. Em 1996, foi a vez de a cidade norte-americana de Atlanta receber a edição dos Jogos. Mas em meio à festa houve uma nota triste: o atentado à bomba no Parque Olímpico Centenário, que matou duas pessoas e feriu 111. O futebol ficou longe do terrorismo e não competiu na cidade olímpica, algo inédito nos 92 anos da modalidade no programa. Outra novidade foi a introdução do torneio feminino, porém esta é uma história que será contada mais tarde. No masculino, a regra das convocações sofreu sua alteração definitiva, que foi a permissão de até três jogadores com idade acima dos 23 anos nos elencos.
O modelo sub-23 nivelou de vez os times que participariam das Olimpíadas. Os resultados que em situações normais seriam chamados de zebra, em terras olímpicas passariam a estar dentro da normalidade. Foi o caso da Nigéria, que levou a África a um ouro inédito e histórico. No grupo D da competição, as Super Águias estrearam com vitória sobre a Hungria por 1 a 0. Depois, fez 2 a 0 no Japão, encaminhando a classificação. Mesmo a derrota para o Brasil por 1 a 0 não tirou a vaga nigeriana, que terminou na vice-liderança da chave com seis pontos. Nas quartas de final, a equipe eliminou o México vencendo por 2 a 0. Na semifinal, outra o vez o Brasil pela frente. Em partida lembrada para sempre, a Nigéria chegou a estar perdendo por 3 a 1, mas buscou o empate antes do fim, virando para 4 a 3 na prorrogação, quando Nwankwo Kanu marcou o gol de ouro.
A decisão do ouro foi contra a Argentina, que anteriormente bateu Estados Unidos, Tunísia, Espanha e Portugal. Antes, os brasileiros levaram o bronze ao golearem os portugueses por 5 a 0. A final foi disputada no Estádio Sanford, na cidade de Athens, que é vizinha de Atlanta. Os argentinos abriram o placar aos três minutos de jogo, mas Celestine Babayaro empatou aos 28. Aos cinco do segundo tempo, outro gol argentino. A virada do título veio aos 29, com Daniel Amokachi, e aos 45, com Emmanuel Amunike. Por 3 a 2, a Nigéria atingia o seu ápice.

A campanha da Nigéria:
6 jogos | 5 vitórias | 0 empates | 1 derrota | 12 gols marcados | 6 gols sofridos


Foto Alain Gadoffre/Icon Sport/Empics Sports

Espanha Campeã Olímpica 1992

O ano de 1992 foi marcado pelas diversas mudanças no mapa-múndi olímpico. A União Soviética dividiu-se em quatro, mudou de nome para Comunidade de Estados Independentes e competiu como a Equipe Unificada, antecedendo sua divisão definitiva em 15 nações. A Iugoslávia também fragmentou-se em quatro países, e os atletas da banida república-mãe competiram como Atletas Independentes. Por fim, a África do Sul foi reincluída entre as participantes após o fim do apartheid. O futebol não vivenciou nenhuma dessas alterações, mas contou com outra modificação na maneira de convocar as seleções. A partir dos Jogos de Barcelona, na Espanha, apenas jogadores abaixo dos 23 anos de idade teriam permissão para a disputa, independentemente de serem amadores, profissionais ou de já terem atuado em Copa do Mundo. Muitas possibilidades surgiriam a partir de então.
Porém, a primeira experiência sub-23 seria conservadora, com o ouro ficando a dona da casa.  No grupo B da primeira fase, a Espanha estreou com goleada por 4 a 0 sobre a Colômbia. Depois, antecipou sua classificação ao fazer 2 a 0 no Egito. Por fim, novo 2 a 0 sobre o Catar, que deixou a Fúria na liderança, com seis pontos. Nas quartas de final, vitória por 1 a 0 sobre a Itália. Na semifinal, foi a vez de derrotar por 2 a 0 o time de Gana. E assim, vencendo todos os jogos e não sofrendo gols, a Espanha chegou na decisão. A adversária foi a Polônia, que deixou para trás Estados Unidos, Kuwait, Catar e Austrália.
Antes do ouro e da prata, foi definido quem levou a medalha de bronze: Gana fez 1 a 0 na Austrália. Espanhóis e poloneses se encontraram na final logo depois. Jogando no Camp Nou, La Roja encontrou as maiores dificuldades até então. Wojciech Kowalczyk abriu o placar aos 44 minutos do primeiro tempo. A Espanha empatou aos 20 do segundo, com Abelardo. Aos 27, Kiko virou a partida, mas Ryszard Staniek empatou de novo aos 31. Quando tudo se encaminhava à prorrogação, aos 45, Kiko fez 3 a 2 e explodiu a torcida espanhola em Barcelona. Na Olimpíada considerada como a melhor organizada da história, o título veio em casa.

A campanha da Espanha:
6 jogos | 6 vitórias | 0 empates | 0 derrotas | 14 gols marcados | 2 gols sofridos


Foto Agência EFE

União Soviética Campeã Olímpica 1988

Após 16 anos e três Olimpíadas neste intervalo de tempo, não houve nenhum boicote para atrapalhar a maior festa esportiva do mundo. A edição de 1988 dos Jogos ficou ancorada em Seul, a capital da Coreia do Sul. E o torneio de futebol foi revitalizado e com as principais forças para mais uma disputa. Mas nem tudo foram sorrisos, e no fim foi necessário trocar uma equipe: o México foi banido de todas as competições pela FIFA por causa de adulterações na idade de alguns jogadores durante as qualificatórias. A Guatemala entrou no lugar.
Se quatro anos antes não foi possível ver o resultado da reforma que permitiu a convocação de atletas profissionais, devido à ausência da maioria dos times do lado socialista - amadores desde a raiz -, agora a resposta estaria mais próxima. E ela não foi diferente ao que se via desde os anos 50. Vivendo com as incertezas da "perestroika" e da "glasnost", a União Soviética daria seu último suspiro olímpico. No grupo C do futebol, sua estreia foi com empate por 0 a 0 com a Coreia do Sul. Na rodada seguinte, venceu a Argentina por 2 a 1. Na última partida, contra os Estados Unidos, uma emblemática vitória por 4 a 2 garantiu a liderança soviética, com cinco pontos. Nas quartas de final, foi a vez de bater a Austrália por 3 a 0. A semifinal foi contra a Itália, e com um difícil 3 a 2 na prorrogação a União Soviética conseguiu seu lugar na decisão. Pela outra chave, o Brasil eliminava Iugoslávia, Nigéria, Argentina e Alemanha. Os italianos ficaram com o bronze ao baterem os alemães por 3 a 0.
O Olímpico de Seul recebeu a disputa do ouro entre União Soviética e Brasil. Os brasileiros saíram na frente aos 30 minutos do primeiro tempo, com Romário. O empate soviético aconteceu aos 16 do segundo, quando Igor Dobrovolski acertou um pênalti. A virada e o bicampeonato vieram aos 13 da primeira etapa da prorrogação, quando o reserva Yury Savichev fez 2 a 1. De um lado, a comemoração pelo segundo ouro, 36 anos depois do primeiro. Do outro, a decepção pelo segundo vice consecutivo. Uma obsessão nascia naquele momento.

A campanha da União Soviética:
6 jogos | 5 vitórias | 1 empate | 0 derrotas | 14 gols marcados | 6 gols sofridos


Foto Arquivo/COI

França Campeã Olímpica 1984

Foram quase oito décadas de futebol puramente amador, do esporte pelo esporte. Mas chegou o momento em que não houve mais como ignorar. O Torneio Olímpico chegou para 1984, nos Jogos de Los Angeles com mudanças na forma de convocar os atletas. COI e FIFA fizeram um novo acordo e, a partir da edição na cidade norte-americana, passaram a permitir a presença de jogadores profissionais nas seleções. Com um porém: eles não podiam ter jogos de Copa do Mundo no currículo.
Foi o jeito que as entidades encontraram para nivelar a competição e barrar a hegemonia do Leste Europeu, que vivia na época o apogeu do socialismo, sob a desculpa que seus futebolistas eram todos militares ou funcionários dos respectivos governos, portanto não recebiam salário dos clubes que defendiam. Aliás, falando nos países desse bloco, eles não se esqueceram do boicote capitalista quatro anos antes, e devolveram na mesma moeda o destrato, com 14 nações dizendo não às Olimpíadas. Três deles estavam no torneio de futebol: Tchecoslováquia, Alemanha Oriental e União Soviética foram trocados por Itália, Noruega e Alemanha Ocidental.
Alheia aos fatos, a França aparecia em Los Angeles com um time promissor, mas que só cresceu no decorrer das partidas. No grupo A, estreou com empate por 2 a 2 com o Catar. Depois, venceu por 2 a 1 a Noruega e empatou por 1 a 1 com o Chile. Com quatro pontos, liderou a chave superando os chilenos no número de gols marcados. Foi no mata-mata que Les Bleus adquiriram o favoritismo e evoluíram de fato. Nas quartas de final, vitória por 2 a 0 sobre o Egito. Na semifinal, 4 a 2 sobre a Iugoslávia, na prorrogação. A decisão foi contra o Brasil, que eliminou Marrocos, Arábia Saudita, Canadá e Itália.
Antes, a medalha de bronze foi definida a favor dos iugoslavos, que fizeram 2 a 1 nos italianos. Valendo o ouro, franceses e brasileiros jogaram no Rose Bowl, em Pasadena. E com dois gols em cinco minutos - aos dez do segundo tempo com François Brisson e aos 15 com Daniel Xuereb -, a França ganhou por 2 a 0 do time sul-americano e levou sua medalha para casa.

A campanha da França:
6 jogos | 4 vitórias | 2 empates | 0 derrotas | 13 gols marcados | 6 gols sofridos


Foto Bob Thomas/Getty Images

Tchecoslováquia Campeã Olímpica 1980

Os Jogos Olímpicos entram nos anos 80, e a era dos boicotes seguiu intensa na edição de 1980 em Moscou, a capital da União Soviética. Desta vez não foi só um grupo de países que disseram não às Olimpíadas, mas praticamente meio mundo. Liderados pelos Estados Unidos, 63 nações protestaram contra a invasão soviética no Afeganistão ocorrida um ano antes. A lista aumentou para 65 quando China e Taiwan recusaram-se a participar, mas estes saíram devido a divergências mútuas quanto ao nome utilizado por ambos. O torneio de futebol acabou afetado. Das 16 seleções classificadas, sete foram substituídas: pela África, Gana e Egito deram lugar para Nigéria e Zâmbia; na Ásia, Malásia e Irã foram trocadas por Iraque e Síria; pelas Américas, Estados Unidos e Argentina deixaram as vagas para Cuba e Venezuela; e na Europa, a Noruega deixou espaço livre à Finlândia. Dessa forma, o domínio do amadorismo socialista ficou ainda maior.
Com uma prata e uma final abandonada na história, a Tchecoslováquia caminhou para o que seria o último ouro do Leste Europeu antes da reformulação na maneira de se convocar dos atletas. No grupo B da competição, estreou fazendo 3 a 0 na Colômbia. Depois, cedeu empate por 1 a 1 à Nigéria. Por fim, o time tcheco empatou perigosamente sem gols com o Kuwait. Isso porque, se sofresse um gol, a equipe estaria eliminada. Com quatro pontos, a seleção ficou na liderança, superando os kuwaitianos no saldo de gols (3 a 2). Nas quartas, a Tchecoslováquia derrotou a Argélia por 3 a 0. Na semifinal, foi a vez de passar ganhando por 2 a 0 da Iugoslávia.
A disputa pela medalha de ouro foi entre Tchecoslováquia e Alemanha Oriental, que passou por Espanha, Síria, Iraque e União Soviética. Valendo o bronze, os soviéticos venceram os iugoslavos por 2 a 0. Enfim, a decisão aconteceu no Luzhniki, à época conhecido como Central Lenin. Em partida dura, os tchecos levaram o título ao vencer por 1 a 0, gol marcado pelo reserva Jindřich Svoboda, aos 32 minutos do segundo tempo.

A campanha da Tchecoslováquia:
6 jogos | 4 vitórias | 2 empates | 0 derrotas | 10 gols marcados | 1 gol sofrido


Foto CTKxPhoto/JirixKrulis/Imago Images

Alemanha Oriental Campeã Olímpica 1976

Os Jogos Olímpicos atravessam o Oceano Atlântico rumo à oeste e aterrissam em Montreal, no Canadá. Para a edição de 1976, o torneio de futebol reverteu a última alteração no regulamento, voltando com o mata-mata na segunda fase ao invés de outros dois grupos. O restante ficou inalterado, incluindo as 16 seleções participantes. Mas... quatro equipes retiraram-se das Olimpíadas antes de seu início. Gana, Nigéria e Zâmbia aderiram ao boicote africano, um movimento de protesto contra a falta de punição sobre a Nova Zelândia, que meses antes fez excursão pela segregada e banida África do Sul com seu time de rugby. Outro que pulou fora foi o Uruguai, porém este foi sem motivo aparente. Os sul-americanos foram substituídos por Cuba, e a competição ficou com 13 países.
Após a conturbação, tudo seguiu nos conforme, com o Leste Europeu dominando as ações. Flertando com o ouro há tempos, a Alemanha Oriental finalmente chegaria lá em solo canadense. No grupo A, estreou com empate sem gols contra o Brasil. Depois de folgar na segunda rodada, foi a vez de encerrar a chave contra a Espanha. O confronto direto com 1 a 0 a favor dos alemães. Com dois pontos, o time ficou na vice-liderança, perdendo a ponta para os brasileiros por causa de um gol marcado a menos. Nas quartas de final, eliminou a França com uma bela goleada por 4 a 0. Na semifinal, foi a vez de passar pela União Soviética, vencendo por 2 a 1. Na decisão, o adversário alemão seria a Polônia, que chegou lá eliminando Cuba, Coreia do Norte e Brasil. Antes disso, pela medalha de bronze, os soviéticos derrotaram os brasileiros por 2 a 0.
O Estádio Olímpico de Montreal recebeu a final entre Alemanha Oriental e Polônia. Com um ótimo futebol, a equipe alemã construiu o caminho rumo ao ouro em 14 minutos: Hartmut Schade abriu o placar aos sete e Martin Hoffmann ampliou. Grzegorz Lato descontou aos 14 do segundo tempo, mas o dia era germânico, e Reinhard Häfner fechou a conta aos 39, fazendo 3 a 1. A medalha dourada foi a única conquista nos 38 anos de história (1952-1990) da seleção da Alemanha Oriental.

A campanha da Alemanha Oriental:
5 jogos | 4 vitórias | 1 empate | 0 derrotas | 10 gols marcados | 2 gols sofridos


Foto Arquivo/DFV (07/1977: Argentina x Alemanha Oriental)

Polônia Campeã Olímpica 1972

Chegam os anos 70, e junto com a nova década a Olimpíada entra em uma nova fase. A tecnologia começa torna-se cada vez mais um aliado, tanto no auxílio às modalidades quanto nas transmissões televisivas. Os Jogos de 1972, em Munique, eram para ter sido um símbolo de uma nova Alemanha, cada vez mais afastada de seu passado totalitarista. Mas as competições são lembradas até hoje pelo medo, depois do atentado à delegação de Israel na Vila Olímpica. Orquestrado pelo grupo terrorista palestino Setembro Negro, o ataque matou 17 pessoas, dentre eles seis treinadores e cinco atletas israelenses. Depois desse episódio, a segurança redobrou nas instalações olímpicas, tanto na cidade alemã quanto nas futuras edições, mudando para sempre o trato entre público, atletas e organização.
No futebol, o Torneio Olímpico mudou mais uma vez o regulamento. O mata-mata foi substituído pela segunda fase, onde os oito classificados da primeira seriam divididos em mais dois grupos, com líderes avançando rumo ao ouro e a prata, e vice indo para disputar o bronze. O que não mudou foi o domínio do Leste Europeu. Uma nova força crescia por aqueles lados: a Polônia, frenteada por Kazimierz Deyna e Robert Gadocha, e com um jovem Grzegorz Lato no banco de reservas. No grupo D, estreou goleando a Colômbia por 5 a 1. Na sequência, aplicou 4 a 0 em Gana. Na rodada final, disputou a liderança com a Alemanha Oriental, vencendo-a por 2 a 1 e terminando com 6 pontos. Na segunda fase, o time polaco ficou no grupo 2. Seu primeiro adversário foi a Dinamarca, com a qual empatou por 1 a 1. Contra a União Soviética, uma inesquecível vitória por 2 a 1, de virada. Precisando vencer de novo para ir à final, a Polônia derrotou o Marrocos por 5 a 0, encerrando outra vez no primeiro, com cinco pontos.
O bronze foi definido entre soviéticos e alemães-orientais, que empataram por 2 a 2 e dividiram a medalha. Pelo ouro, os poloneses enfrentaram a Hungria, no Estádio Olímpico de Munique. A Polônia conquistou seu único título vencendo por 2 a 1, novamente de virada. Ambos os gols foram marcados por Deyna, aos dois e aos 23 minutos do segundo tempo.

A campanha da Polônia:
7 jogos | 6 vitórias | 1 empate | 0 derrotas | 21 gols marcados | 5 gols sofridos


Foto Peter Robinson/PA Images

Hungria Campeã Olímpica 1968

O Torneio Olímpico de futebol aterrissa pela primeira vez no terceiro mundo. Os Jogos de 1968 aconteceram na Cidade do México, em meio à efervescência social, por causa dos protestos estudantis na capital (e que infelizmente culminariam no Massacre de Tlatelolco), e às sucessivas quebras de recorde nas provas do programa, devido a altitude. No meio futebolístico, quase nada mudou. Quem tinha a vantagem de ser amador desde a raiz largava em vantagem.
Desta vez, o regulamento seria mantido sem alterações. A única diferença para 1964 foi no número de participantes, já que não houve desistências nem proibições dentre as 16 seleções. Bicampeã, a Hungria chegava novamente com força, mirando sua terceira medalha de ouro. No grupo C da competição, o time magiar estreou muito bem, goleando El Salvador por 4 a 0. Na segunda rodada, porém, a equipe foi surpreendida por Gana no empate por 2 a 2. A recuperação veio na última partida, na vitória sobre Israel por 2 a 0. Com cinco pontos, os húngaros ficaram na liderança da chave. Nas quartas de final, foi a vez de passar pela Guatemala, vencendo-a por 1 a 0. Mais uma goleada viria a ocorrer, agora na semifinal, por 5 a 0 sobre o Japão. A final foi marcada por duas forças do Leste Europeu, entre Hungria e Bulgária. 
Os búlgaros chegaram para disputar o ouro depois de eliminar Tchecoslováquia, Tailândia, Israel e México. Antes, no jogo valendo o bronze, o time japonês venceu o mexicano por 2 a 0. A decisão foi realizada no Estádio Azteca, diante de 75 mil pessoas. A Bulgária abriu o placar aos 22 minutos do primeiro tempo, com Tsvetan Veselinov. Apesar do revés, a Hungria se acertou aos poucos e buscou a virada. Aos 40, Iván Menczel empatou. Aos 41, Antal Dunai virou. Já no segundo tempo, aos quatro, Antal ampliou, e aos 17, István Juhász fechou a conta. Com 4 a 1 no placar, os magiares chegavam ao tricampeonato olímpico, uma marca jamais superada, pelo menos entre os homens.

A campanha da Hungria:
6 jogos | 5 vitórias | 1 empate | 0 derrotas | 17 gols marcados | 3 gols sofridos


Foto Arquivo/MLSZ

Hungria Campeã Olímpica 1964

Continuando com a saga olímpica, o torneio de futebol chega dos Jogos de 1964, sediados em Tóquio. Era a hora de compensar a capital japonesa pela interrupção causada pela Segunda Guerra Mundial, em 1940. O regulamento com fase de grupos, adotado na edição anterior, fez sucesso e acabou mantido para o futuro. Com modificações: ao invés de passar só o líder de cada chave, os vices também ganhariam a chance de seguir em frente. Mas como nem tudo são flores, houve um time desistente e outro barrado das partidas. A Coreia do Norte retirou-se porque alguns de seus jogadores foram proibidos de pisar em solo japonês, e a Itália foi eliminada sumariamente pois seu elenco era profissional. Com 14 seleções, as Olimpíadas deram início ao torneio.
Outrora a melhor equipe do mundo, a Hungria perdera muita força após a invasão soviética ao país. Muitos dos seus craques preferiram atuar no exterior, como os agora espanhóis Ferenc Puskás e László Kubala. Porém, como seu futebol seguia 100% amador desde a seleção principal, o time magiar era um dos favoritos ao ouro. E confirmou em campo. No grupo B, a estreia húngara foi com goleada por 6 a 0 sobre o Marrocos. Depois de folgar na segunda rodada (jogaria contra os norte-coreanos), confirmou a classificação na última partida da fase de grupos, ao derrotar a Iugoslávia em um inesquecível 6 a 5. Líder com quatro pontos, os húngaros enfrentaram a Romênia nas quartas de final, vencendo por 2 a 0. Na semifinal, 6 a 0 sobre a República Árabe Unida (Egito e Síria).
A luta pelo bicampeonato teve o seu encerramento contra a Tchecoslováquia, que passou por Brasil, Coreia do Sul, Japão e Alemanha. Na disputa pelo bronze, os alemães derrotaram os árabes por 3 a 1. A decisão entre magiares e tchecos aconteceu no Estádio Nacional de Tóquio. O placar só foi aberto no segundo tempo, quando Vladimír Weiss anotou contra aos húngaros, aos dois minutos. Ferenc Bene aumentou aos 14. Jan Brumovsky descontou para 2 a 1 aos 35, mas a Hungria soube garantir o resultado, ficando com seu segundo ouro no futebol.

A campanha da Hungria:
5 jogos | 5 vitórias | 0 empates | 0 derrotas | 22 gols marcados | 6 gols sofridos


Foto Arquivo/MLSZ

Iugoslávia Campeã Olímpica 1960

A enxurrada de desistências e costuras no regulamento do futebol olímpico em 1956 motivaram o COI e a FIFA a mudarem todo o sistema de disputa para 1960. Pela primeira vez, todos os participantes do torneio seriam qualificados através de eliminatórias, os chamados Pré-Olímpico. Antes, parte das seleções eram definidas por convite. O regulamento deixou de ser 100% mata-mata, sendo introduzida uma fase de grupos. O número de equipes foi fixado em 16, e quatro chaves passariam a formar a primeira fase do torneio.
Mantendo a crescente tradição de times do Leste Europeu aparecendo com os elencos quase que principais, a Iugoslávia foi às Olimpíadas de Roma após bater Israel e Grécia nas qualificatórias. Na fase de grupos da competição, ficou no grupo A. Em sua estreia, goleou a República Árabe Unida (união de Egito e Síria) por 6 a 1. Na segunda rodada, aplicou 4 a 0 na Turquia. Estes resultados seriam importantíssimos para o prosseguimento iugoslavo. Isto porque só um time avançava à semifinal, e na partida decisiva da chave a Iugoslávia empatou com a Bulgária por 3 a 3. As duas seleções marcaram cinco pontos, e o saldo de nove gols dos eslavos foi superior ao de cinco dos búlgaros. Na semi, os iugoslavos superaram a dona da casa Itália na base da sorte: a partida ficou empatada por 1 a 1 nos 120 minutos programados. A classificação veio no cara ou coroa do árbitro, pois ainda não existia a disputa de pênaltis.
A medalha de ouro seria decidida entre Iugoslávia e Dinamarca, que eliminou Argentina, Polônia, Tunísia e Hungria. Na disputa pelo bronze, os húngaros bateram os italianos por 2 a 1. A final foi realizada no Flamínio, em Roma. Logo no primeiro minuto de jogo, Milan Galic abriu o placar aos iugoslavos. Zeljko Matus aumentou aos 12 e Borivoje Kostic fez o terceiro aos 24 do segundo tempo. Aos 45, Flemming Nielsen descontou para 3 a 1, mas já era tarde para tentar arrancar algo da Iugoslávia, que ali chegava ao seu principal título em toda a história, até 2003. Seu espólio seria assumido pela Sérvia a partir de então.

A campanha da Iugoslávia:
5 jogos | 3 vitórias | 2 empates | 0 derrotas | 17 gols marcados | 6 gols sofridos


Foto Arquivo/FSS

União Soviética Campeã Olímpica 1956

Pela primeira vez na história, os Jogos Olímpicos saem da rota Europa/América do Norte e ancoram do outro lado mundo, mais precisamente na Oceania. A edição de 1956 foi sediada em Melborune, na Austrália. Com isso, o futebol também apresentou novidades: a cidade australiana foi a primeira não-europeia a receber o torneio oficialmente. (Saint Louis viria a ocupar esse meio século depois). Porém nem tudo foram flores. Dos 16 participantes programados, cinco desistiram da viagem: Egito, Turquia, Hungria, Vietnã do Sul e a nova China comunista. O mata-mata original foi reorganizado para abrigar os 11 remanescentes.
Sem os húngaros, o favoritismo à medalha de ouro caiu no colo da União Soviética, que ali fazia sua segunda participação olímpica (se contarmos a aparição em 1912, nos tempos do Império, é a terceira). Como seu futebol era amador e os atletas eram funcionários do governo, a seleção jogou com o que tinha de melhor a oferecer, no que foi chamado à época de "futebol científico". Na primeira fase, venceu a Alemanha (unificada com jogadores ocidentais e orientais) por 2 a 1. Nas quartas de final, os soviéticos foram inicialmente surpreendida pela Indonésia, que segurou o empate por 0 a 0 em 120 minutos. Na partida extra de desempate, a porteira abriu: 4 a 0. Na semifinal, foi a vez de eliminar a Bulgária em jogo complicado, derrotando o adversário por 2 a 1 na prorrogação. Os búlgaros foram à disputa pela medalha de bronze, e derrotaram a Índia por 3 a 0.
O ouro e a prata ficariam entre os times da União Soviética e da Iugoslávia, que, além dos indianos, passou pelos Estados Unidos. A final foi disputada no Melbourne Cricket Ground. Os dois times estavam embalados, e a partida foi de poucas oportunidades. Quem não desperdiçou foi Anatoli Ilyin, que aos três minutos do segundo tempo fez 1 a 0 e confirmou o título soviético. Foi o primeiro título de uma era interessante de mais de 30 anos para o futebol da união das repúblicas socialistas, que passaria ainda pela conquista da primeira Eurocopa, quatro anos depois, e por sucessivas boas campanhas em Copas do Mundo.

A campanha da União Soviética:
5 jogos | 4 vitórias | 1 empate | 0 derrotas | 9 gols marcados | 2 gols sofridos


Foto Arquivo/RFS

Hungria Campeã Olímpica 1952

Os rumos do futebol olímpico começaram a mudar a partir da edição de 1952, sediada em Helsinque, capital da Finlândia. O profissionalismo já era a maioria entre os países nessa época, o que inviabilizava as seleções de colocar seus melhores jogadores em campo. Mas isso não era uma regra geral em um mundo claramente dividido após a Segunda Guerra. O amadorismo imperava em todo o bloco socialista, majoritariamente ocupado pelos países do Leste Europeu. Os atletas de lá eram funcionários do governo, ou dos exércitos e, na prática, não recebiam salários. Então era normal ver estas nações atuando com força máxima nas Olimpíadas.
Era o caso da Hungria, que no início dos anos 50 formou um dos melhores times da história do futebol, com jogadores do nível de Ferenc Puskás, Zoltán Czibor e Sándor Kocsis. A seleção magiar encarou os Jogos Olímpicos de 1952 como uma preparação para a Copa do Mundo de 1954. O comando da equipe era feito pelo próprio Ministro do Esporte do país, Gusztáv Sebes. A competição em si levou o mesmo de sempre, com 25 participantes disputando cinco fases de mata-mata. O time húngaro estreou ainda na preliminar, derrotando a Romênia por 2 a 1. Nas oitavas de final, venceu a Itália por 3 a 0. Nas quartas de final, goleou a Turquia por 7 a 1. Na semifinal, outra goleada, mas sobre a Suécia por 6 a 0. Não foi nem um pouco difícil para atingir a final. Do outro lado chegava a Iugoslávia, que eliminou Índia, União Soviética, Dinamarca e Alemanha. Na disputa valendo a medalha de bronze, os suecos venceram os alemães por 2 a 0.
O ouro ficaria entre húngaros e iugoslavos, que atuaram no Estádio Olímpico de Helsinque. Com uma equipe amplamente superior, a Hungria conquistou seu primeiro título com uma vitória tranquila, por 2 a 0. Os gols aconteceram no segundo tempo, com Puskás aos 25 minutos e com Czibor aos 43. Uma nova era começava. Se para o Mundial não serviu de nada, em Olimpíadas foi o início de um tricampeonato. A nota final sobre os Jogos de 1952 fica por conta de um estreante sul-americano: o Brasil. Sua primeira jornada olímpica foi até às quartas de final, com vitórias sobre Holanda e Luxemburgo e derrota para a Alemanha.

A campanha da Hungria:
5 jogos | 5 vitórias | 0 empates | 0 derrotas | 20 gols marcados | 2 gols sofridos


Foto Arquivo/Getty Images

Suécia Campeã Olímpica 1948

As tensões políticas e o totalitarismo aumentavam a cada dia na segunda metade dos anos 30. Os Jogos Olímpicos de 1936 já tiveram um forte reflexo disso, com a Alemanha Nazista sediando o evento e a Itália Fascista vencendo no futebol. Para 1940, tudo estava sendo preparado para que Tóquio fosse a cidade anfitriã, mas em setembro de 1939, o exército alemão invadiu a Polônia e deflagrou o início da Segunda Guerra Mundial. Os japoneses faziam parte das Potências do Eixo, juntamente com Alemanha e Itália, e o COI incialmente transferiu as Olimpíadas para Helsinque, na Finlândia. Mas o conflito espalhou-se rapidamente pela Europa, e as competições foram canceladas de vez.
A guerra durou até 1945, afetando também os Jogos Olímpicos de 1944. O retorno só aconteceu em 1948, com Londres sediando o evento pela segunda vez. O regulamento do torneio de futebol foi mantido, e 18 seleções confirmaram participação. Alemanha e Japão estiveram ausentes, cumprindo suspensão devido ao fato de serem os principais causadores do conflito armado. A Itália foi poupada e pôde defender seu título. Entre as novidades, Coreia do Sul, Índia e República da China fizeram o contingente asiático.
Nessa época, o profissionalismo já superava o amadorismo na maioria dos participantes da competição. Um dos poucos que ainda mantinha-se "jogando por amor" era a Suécia, que logo despontou com a favorita ao ouro, pois utilizava sua seleção principal. A estreia foi nas oitavas de final, derrotado a Áustria por 3 a 0. Nas quartas, os suecos não tiveram pena da Coreia do Sul, goleando-a por 12 a 0. Na semifinal, foi a vez de derrotar a Dinamarca por 4 a 2. Na outra chave, a Iugoslávia eliminava a Grã-Bretanha. Na disputa pelo bronze, dinamarqueses fizeram 5 a 3 nos britânicos.
O ouro ficaria mesmo entre suecos e iugoslavos, ambos com força máxima. A partida foi disputa no antigo Wembley, e a Suécia não encontrou muitos problemas para conseguir a vitória. Gunnar Gren abriu o placar aos 24 minutos do primeiro tempo. Aos 42, Stjepan Bobek empatou, mas o destino apontava à Escandinávia. Gunnar Nordahl desempatou aos três do segundo e Gren fez 3 a 1 aos 22. O resultado confirmou o único título sueco até a atualidade.

A campanha da Suécia:
4 jogos | 4 vitórias | 0 empates | 0 derrotas | 22 gols marcados | 3 gols sofridos


Foto Arquivo/SVFF

Itália Campeã Olímpica 1936

Depois da calmaria, a tempestade estava pronta para chegar ao Torneio Olímpico. A estreia da Copa do Mundo, em 1930, mexeu negativamente com a competição e estremeceu a relação entre FIFA e COI. Para os Jogos de 1932, em Los Angeles, não houve acordo, pois a entidade futebolística não queria concorrência e a olímpica não queria abrir mão da modalidade. Desta forma, nada de futebol nos gramados norte-americanos. A situação só seria resolvida para 1936, quando ficou acertado que apenas atletas amadores fariam parte das seleções olímpicas. Como o profissionalismo estava crescente na época, não foi difícil para a FIFA topar a proposta e para o COI manter a tradição.
Dessa forma, a maioria dos 16 times que desembarcaram em Berlim eram compostos pelos quadros de aspirantes ou de jogadores de clubes menores. O regulamento usado nas Olimpíadas da capital alemã foi o mesmo de sempre: mata-mata a partir das oitavas de final. Sem a presença do Uruguai, que boicotou tudo o que se organizava na Europa em represália aos poucos europeus que disputaram a Copa de 1930, a principal seleção era a da Itália, que mesmo com uma equipe B era a mais forte e a favorita ao ouro. Sua estreia foi com vitória por 1 a 0 sobre os Estados Unidos. Nas quartas, a Azzurra goleou por 8 a 0 o Japão, que surpreendentemente passou pela Suécia na fase anterior. Na semifinal, foi a vez de eliminar por 2 a 1, na prorrogação, a Noruega, que também tinha aprontado, batendo a Alemanha uma partida antes. Os noruegueses ficariam com a medalha de bronze, após fazerem 3 a 2 na Polônia.
O ouro ficaria entre Itália e Áustria, que chegou na final após vencer Egito e Polônia e perder para o Peru. Isso mesmo, o time austríaco perdeu nas quartas para os peruanos por 4 a 2. Mas a organização europeia deu um jeito de anular o jogo, alegando invasão de campo da delegação sul-americana. Em protesto, o Peru abandonou o torneio. Italianos e austríacos disputaram a decisão no Estádio Olímpico de Berlim. Sob olhares dos ditadores Hitler e Mussolini, a Azzurra bateu o adversário por 2 a 1, gols marcados por Annibale Frossi (sempre de óculos) aos 25 minutos do segundo tempo e aos dois da etapa inicial da prorrogação - Karl Kainberger havia empatado aos 34. Ao receberam as medalhas, quase todos os atletas fizeram a saudação fascista/nazista, numa triste cultura que havia se tornado comum naqueles tempos. E isso viria a causar um mal enorme ao mundo todo, nos anos seguintes.

A campanha da Itália:
4 jogos | 4 vitórias | 0 empates | 0 derrotas | 12 gols marcados | 2 gols sofridos


Foto Arquivo/FIGC