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Mechelen Campeão da Recopa Europeia 1988

Perto do fim da década de 1980, a Bélgica voltou a celebrar o título da Recopa Europeia. Em 1988, a honra coube do KV Mechelen, clube da cidade de mesmo nome, na província da Antuérpia. De pouca tradição até mesmo no futebol belga, a equipe conseguiu um feito que apenas o Anderlecht havia tido, superando outras camisas grandes do país.

Campeão nacional três vezes nos anos 1940 (e outra vez em 1989), o Mechelen venceu a Copa da Bélgica pela primeira vez em 1987, o que levou os "geel-roods" (aurirubros) à disputa da Recopa, que teve 33 participantes. Na primeira fase, o time passou pelo Dínamo Bucareste com vitórias por 1 a 0 em casa, no Estádio Achter de Kazerne (tradução livre: Fundos do Quartel), e por 2 a 0 fora, na Romênia.

O Mechelen seguiu para as oitavas de final, onde enfrentou o St. Mirren, da Escócia. O jogo de ida foi disputado na Bélgica, mas os donos da casa não conseguiram sair do empate por 0 a 0. Foi preciso então fazer o resultado na partida de volta. Em solo escocês, o Mechelen venceu por 2 a 0, gols anotados por Eli Ohana.

Nas quartas de final, foi a vez de encarar o Dínamo Minsk. A primeira partida aconteceu no Achter de Kazerne, que foi vencida pelo Mechelen por 1 a 0, gol de Pascal De Wilde. O segundo jogo foi na União Soviética, e os belgas obtiveram a classificação ao empatarem por 1 a 1.

Na semifinal, o Mechelen teve como adversário a Atalanta. A ida foi realizada na Bélgica, com vitória aurrirubra por 2 a 1. Os gols foram de Ohana e Piet Den Boer. A volta aconteceu na cidade de Bergamo, na Itália. De virada, Graeme Rutjes e Marc Emmers guardaram os tentos de mais um triunfo por 2 a 1, que colocou o clube belga na final.

A inédita decisão foi disputada contra o Ajax, defensor do título que eliminou Dundalk, Hamburgo, Young Boys e Olympique Marselha. A partida aconteceu na França, no Stade de La Meinau, em Estrasburgo. O Mechelen conquistou o título histórico com vitória simples por 1 a 0, gol de Den Boer.

A campanha do Mechelen:
9 jogos | 7 vitórias | 1 empate | 1 derrota | 22 gols marcados | 5 gols sofridos


Foto Bob Thomas/Getty Images

Racing Campeão da Supercopa Libertadores 1988

A Conmebol viveu apenas com a Libertadores entre 1960 e 1987, em contrapartida às quatro competições que a co-irmã UEFA organizava na época. Foi com um pouco deste pensamento que a entidade criou, a partir de 1988, a Supercopa Libertadores, conhecida oficialmente como Supercopa Sul-Americana. A premissa do torneio era básica: todos os campeões da Libertadores tinham o direito de participar.

Portanto, no ano de estreia, eram 13 os clubes aptos a disputar a Supercopa, no primeiro semestre de 1988. O regulamento era o mata-mata puro e seu vencedor tinha vaga garantida na Recopa Sul-Americana, que também viria a nascer em 1989. A primeira equipe a erguer a taça veio da Argentina, sendo justamente aquela que estava há mais tempo sem conquistar a Libertadores: o Racing.

Como o chaveamento de 13 times não era perfeito, a primeira edição teve uma bizarrice envolvendo o próprio Racing. O time estreou nas oitavas de final contra o Santos, vencendo a ida por 2 a 0 no El Cilindro, em Avellaneda, e empatando a volta por 0 a 0 na Vila Belmiro. Assim, "la academia" estava classificada às quartas, não é? Errado, o time avançou direto à semifinal!

A explicação é que a Conmebol fez a primeira fase com 12 equipes. Destas, seis foram se juntar ao Nacional do Uruguai na etapa seguinte. O problema é que entre sete times, um ficou sem confronto e passou diretamente à semifinal. No sorteio, o Racing foi quem teve essa sorte. Contra o River Plate, venceu a ida por 2 a 1 em Avellaneda, e empatou a volta por 1 a 1 em Buenos Aires.

A final foi contra o Cruzeiro, que eliminou Independiente, Argentinos Juniors e Nacional. O primeiro jogo foi no El Cilindro, e o Racing venceu por 2 a 1, gols de Walter Fernández e Miguel Colombatti. A segunda partida aconteceu no Mineirão. Omar Catalán abriu o placar no primeiro tempo e deixou la academia com a mão na taça. Os brasileiros empataram em 1 a 1 na segunda etapa, mas o placar foi insuficiente para tirar a conquista histórica do Racing.

A campanha do Racing:
6 jogos | 3 vitórias | 3 empates | 0 derrotas | 8 gols marcados | 4 gols sofridos


Foto Arquivo/El Gráfico

Bayer Leverkusen Campeão da Liga Europa 1988

O que esperar de um clube que nunca foi campeão de liga ou copa nacional, no máximo venceu uma vez a segunda divisão de seu país, mas que vai para a disputa de uma competição continental? Em 1988, conquistar a Copa da UEFA. Foi o caso do Bayer Leverkusen, campeão de apenas uma 2.Bundesliga em em 1979, e que só viria a ganhar sua única Copa da Alemanha em 1993. Sem dúvidas, um título memorável não só para o clube, mas para o futebol alemão como um todo.

A campanha dos "11 da fábrica" (die werkself) começou diante do Austria Viena. O primeiro jogo foi realizado fora de casa, e ficou no empate sem gols. A segunda partida aconteceu no Estádio Ulrich-Haberland (atual BayArena), e os donos da casa golearam por 5 a 1, numa boa mostra da consistência que viria a seguir.

Na segunda fase, o Bayer enfrentou o Toulouse. A ida foi disputada na França, e terminou empatada por 1 a 1. A volta foi em Leverkusen, e a vitória por 1 a 0 em casa colocou os alemães nas oitavas de final. O adversário seguinte foi o Feyenoord, e o roteiro da classificação rubro-negra foi semelhante: empate por 2 a 2 na Holanda e vitória por 1 a 0 na Alemanha.

Nas quartas de final, foi a vez de encarar o complicado Barcelona. O Bayer mandou a ida no Müngersdorfer, estádio em Colônia maior que o seu em Leverkusen. O problema é que o placar ficou no 0 a 0. A volta foi no Camp Nou, e os alemães conseguiram a vaga na semifinal com uma inesquecível vitória por 1 a 0, com gol anotado pelo meia brasileiro Tita.

A semifinal foi caseira, contra o Werder Bremen. O primeiro jogo ocorreu no Ulrich-Haberland, e o Bayer abriu a vantagem mínima de 1 a 0. A segunda partida foi jogada no Weserstadion, e o clube rubro-negro conseguiu segurar o empate sem gols para chegar na inédita final.

A decisão da Copa da UEFA foi contra o Espanyol, que chegou lá ao passar por Borussia Mönchengladbach, Milan, Internazionale, Vítkovice (Tchecoslováquia) e Club Brugge. E uma das maiores remontadas da história da competição estava para acontecer. A ida foi no Sarrià, em Barcelona, e o Bayer perdeu por 3 a 0.

A volta foi disputa no Ulrich-Haberland, com todos os 22 mil lugares ocupados. Aos 12 minutos do segundo tempo, Tita abriu o placar para os alemães. Aos 18, Falko Götz fez o segundo, e aos 36, Cha Bum-kun anotou 3 a 0. Tudo igual no confronto e na prorrogação, a decisão foi aos pênaltis. Os espanhóis erram três cobranças, com o goleiro Rüdiger Vollborn pegando uma, e as outras indo para fora e na trave. Por 3 a 2, o Bayer Leverkusen era o campeão.

A campanha do Bayer Leverkusen:
12 jogos | 6 vitórias | 5 empates | 1 derrota | 15 gols marcados | 7 gols sofridos


Foto Sven Simon/Imago

PSV Eindhoven Campeão da Liga dos Campeões 1988

Nem sempre o melhor time vence um campeonato quando ele é disputado no sistema mata-mata. Às vezes, nem é o caso de os jogadores não serem bons, mas sim de se saber utilizar do regulamento em benefício próprio. Foi o que aconteceu com o PSV Eindhoven na Copa do Campeões da Europa em 1988.

Com bons atletas (parte da base da Holanda que viria a conquistar a Eurocopa no mesmo ano) e muita sabedoria, o único clube grande holandês que ainda não possuía o maior título europeu chegou lá e deu fim a 15 anos de fila do país.

Na primeira fase, os "boeren" (camponeses) enfrentaram o Galatasaray, da Turquia. A primeira partida aconteceu em Eindhoven, no Estádio Philips, com vitória do mandante por 3 a 0. A grande vantagem permitiu ao PSV até perder no segundo jogo, em Istambul, por 2 a 0 - com certo sufoco.

Nas oitavas de final, foi a vez de jogar contra o Rapid Viena, da Áustria. De maneira tranquila, os holandeses se classificaram ao vencer por 2 a 1 fora e por 2 a 0 em casa. Foram as últimas vitórias do PSV na competição. Nas quartas, o time vermelho e branco encarou o Bordeaux e avançou com dois empates, por 0 a 0 em Eindhoven e por 1 a 1 na França. A regra do gol fora de casa se fez valer.

A semifinal foi contra o Real Madrid, e a ida foi como visitante. No Santiago Bernabéu, mais um empate por 1 a 1. A volta aconteceu no Philips, e o PSV passou para a decisão ao segurar o time espanhol com outro 0 a 0, que acionou novamente a regra do gol fora.

Pela primeira vez na final, o time holandês enfrentou o Benfica, que chegou lá pela sexta vez ao eliminar Partizani (Albânia), Aarhus (Dinamarca), Anderlecht e Steaua Bucareste. A partida ocorreu no Neckarstadion, na alemã Stuttgart, e não se viu gols nos 120 minutos percorridos.

Nos pênaltis, Ronald Koeman começou marcando e foi seguido por todos até Anton Janssen acertar o sexto. Quando António Veloso tentou o empate, Hans Van Breukelen defendeu e o PSV foi campeão por 6 a 5.

A campanha do PSV Eindhoven:
9 jogos | 3 vitórias | 5 empates | 1 derrota | 9 gols marcados | 5 gols sofridos


Foto Bob Thomas/Getty Images

Nacional Campeão da Libertadores 1988

A Libertadores mudou de regulamento em 1988. Para aumentar o número de times depois da primeira fase, a Conmebol passou a classificar dois por grupo. A quantidade total de clubes permaneceu em 21, com o campeão anterior entrando desta vez na terceira fase e os outros 20 ainda sendo divididos em cinco chaves binacionais.

A fórmula durou apenas nesta edição, por causa de uma bizarrice: o mata-mata começava com dez equipes, sobrando cinco para a fase seguinte, que se juntaram ao Peñarol. Daqui, sobravam três times para a semifinal. Então, para fechar quatro, a única solução encontrada foi puxar também melhor perdedora desta etapa de seis. Isso se revelou num problema na hora da final.

Final esta que acabou vencida pelo Nacional, na última vez que o Uruguai comemorou uma Libertadores. Antes, a equipe precisou passar pelo grupo 3 da primeira fase, contra América de Cali, Millonarios e Montevideo Wanderers. Em seis jogos, o Decano obteve três vitórias, dois empates e uma derrota, de 6 a 1 para o Millonarios, em Bogotá. Antes, o clube havia aplicado 4 a 1 no mesmo adversário colombiano. Com oito pontos, o time ficou em segundo lugar, um ponto distante do América.

Na segunda fase, o Bolso eliminou a Universidad Católica no gol fora de casa, com os empates por 1 a 1 em Santiago e por 0 a 0 em Montevidéu. Na sequência, contra o Newell's Old Boys, o Nacional avançou com empate por 1 a 1 na Argentina e vitória por 2 a 1 no Uruguai. Na semifinal, foi a vez bater o América de Cali, com vitória por 1 a 0 em casa e empate por 1 a 1 fora.

Na decisão depois de oito anos, o adversário do Nacional foi o Newell's Old Boys. Aquele mesmo, que tinha sido superado duas partidas antes. Pois foi o clube argentino o melhor perdedor da terceira fase, superando Peñarol e Oriente Petrolero. Na semi, a equipe se recuperou eliminando o San Lorenzo. A ida da final foi disputa no Gigante de Arroyito, em Rosário, e o time uruguaio não segurou a pressão, perdendo por 1 a 0.

Disposto a não passar a vergonha de perder o título para um rival que havia derrotado nas quartas, o Nacional foi com tudo para a volta, no Centenario, em Montevidéu. Com gols de Ernesto Varga, Santiago Ostolaza e Hugo De León, o Decano fez 3 a 0 e levou o tricampeonato.

A campanha do Nacional:
14 jogos | 6 vitórias | 6 empates | 2 derrotas | 17 gols marcados | 12 gols sofridos


Foto Arquivo/El País

União Soviética Campeã Olímpica 1988

Após 16 anos e três Olimpíadas neste intervalo de tempo, não houve nenhum boicote para atrapalhar a maior festa esportiva do mundo. A edição de 1988 dos Jogos ficou ancorada em Seul, a capital da Coreia do Sul. E o torneio de futebol foi revitalizado e com as principais forças para mais uma disputa. Mas nem tudo foram sorrisos, e no fim foi necessário trocar uma equipe: o México foi banido de todas as competições pela FIFA por causa de adulterações na idade de alguns jogadores durante as qualificatórias. A Guatemala entrou no lugar.
Se quatro anos antes não foi possível ver o resultado da reforma que permitiu a convocação de atletas profissionais, devido à ausência da maioria dos times do lado socialista - amadores desde a raiz -, agora a resposta estaria mais próxima. E ela não foi diferente ao que se via desde os anos 50. Vivendo com as incertezas da "perestroika" e da "glasnost", a União Soviética daria seu último suspiro olímpico. No grupo C do futebol, sua estreia foi com empate por 0 a 0 com a Coreia do Sul. Na rodada seguinte, venceu a Argentina por 2 a 1. Na última partida, contra os Estados Unidos, uma emblemática vitória por 4 a 2 garantiu a liderança soviética, com cinco pontos. Nas quartas de final, foi a vez de bater a Austrália por 3 a 0. A semifinal foi contra a Itália, e com um difícil 3 a 2 na prorrogação a União Soviética conseguiu seu lugar na decisão. Pela outra chave, o Brasil eliminava Iugoslávia, Nigéria, Argentina e Alemanha. Os italianos ficaram com o bronze ao baterem os alemães por 3 a 0.
O Olímpico de Seul recebeu a disputa do ouro entre União Soviética e Brasil. Os brasileiros saíram na frente aos 30 minutos do primeiro tempo, com Romário. O empate soviético aconteceu aos 16 do segundo, quando Igor Dobrovolski acertou um pênalti. A virada e o bicampeonato vieram aos 13 da primeira etapa da prorrogação, quando o reserva Yury Savichev fez 2 a 1. De um lado, a comemoração pelo segundo ouro, 36 anos depois do primeiro. Do outro, a decepção pelo segundo vice consecutivo. Uma obsessão nascia naquele momento.

A campanha da União Soviética:
6 jogos | 5 vitórias | 1 empate | 0 derrotas | 14 gols marcados | 6 gols sofridos


Foto Arquivo/COI

Holanda Campeã da Eurocopa 1988

A parte final da década de 80 foi marcada por alguns fatos que afetariam também o futebol. Um ano antes da queda do Muro de Berlim, em 1988, a Alemanha Ocidental sediava a oitava edição da Eurocopa. Entre os oito participantes dela, somente uma força vinda do lado socialista do mundo, a União Soviética, que ali viveria seu último grande momento como seleção. E uma ausência notável, esta do ocidente mesmo: a França, que falhou nas eliminatórias e não conseguiu defender seu título.
A taça ficou com um time que vinha ensaiando há quase 15 anos. Assim como na Copa do Mundo de 1974, a Holanda ressurgia em gramados alemães com uma geração no auge, agora liderada por Ruud Gullit, Marco Van Basten e Frank Rijkaard. Eles queriam um desfecho diferente de seus antecessores, e conseguiram. Antes foi preciso passar pelas eliminatórias, e o fizeram sem dificuldades contra Grécia, Hungria, Polônia e Chipre. Já no grupo B da primeira fase, a estreia não foi boa contra a União Soviética, perdendo por 1 a 0. A recuperação foi tranquila nas partidas seguintes, ao vencer a Inglaterra por 3 a 1 - com hat-trick de Van Basten - e a Irlanda por 1 a 0. Com quatro pontos, a Laranja avançou na vice-liderança, ficando atrás dos russos. A adversária da semifinal foi a Alemanha, revivendo as memórias da final mundialista de 14 anos antes. E tal qual aconteceu naquela decisão, o vencedor fez 2 a 1 de virada. A única diferença foram os vencedores, agora sendo os holandeses, que marcaram com Ronald Koeman e Van Basten, a 16 e dois minutos do fim, respectivamente.
A final foi marcada para acontecer no Olímpico de Munique, e reuniu Holanda e União Soviética, que passou pela Itália. Era o reencontro da estreia das seleções, e nada do que ocorreu 13 dias antes seria visto. A Laranja estava em alta e soube corrigir o que deu errado anteriormente. A equipe treinada por Rinus Michels abriu o placar aos 32 minutos do primeiro tempo, com uma cabeçada do capitão Gullit. Aos nove do segundo tempo, Van Basten fez 2 a 0 em um gols mais lindos já vistos, acertando um sem-pulo, quase sem ângulo, da direita da grande área no lado oposto do goleiro Rinat Dasayev. O resultado garantia, enfim, o título que a Holanda tanto perseguiu em duas décadas.

A campanha da Holanda:
5 jogos | 4 vitórias | 1 empate | 0 derrotas | 9 gols marcados | 3 gols sofridos


Foto Arquivo/Pro Shots

Nacional Campeão Mundial 1988

O encontro de duas escolas distintas de futebol nas competições mundiais sempre foi um evento interessante de se assistir. E na Copa Intercontinental é possível viajar horas e horas por estes embates, que ganham páginas muito bem escritas por quem viu a história acontecer. A edição mundialista de 1988 é uma das mais importantes neste sentido. Nela foi possível ver o retorno e a despedida de duas forças diferentes.

A Holanda ressurgiu naquele ano, tanto com a seleção quanto com os clubes. O PSV, de Eindhoven, foi campeão europeu pela primeira vez ao bater o Benfica na decisão: empate por 0 a 0 no tempo regulamentar e na prorrogação e vitória por 6 a 5 nos pênaltis. Antes, os Boerens eliminaram Galatasaray, Bordeaux e Real Madrid. No time-base havia parte dos atletas vencedores da Eurocopa, como o goleiro Hans Van Breukelen, o zagueiro Ronald Koeman e o volante Gerald Vanenburg.

Já a Libertadores viu o último suspiro do Uruguai, através do tricampeonato do Nacional. O Decano passou por Millonarios, Universidad Católica e América de Cali, e na final reverteu contra o Newell's Old Boys, perdendo por 1 a 0 na ida e vencendo por 3 a 0 na volta. A equipe tinha nomes como Santiago Ostolaza, Ernesto Vargas e Hugo De León, de volta como capitão após oito anos. Por ironia do tempo, ele não conseguiu jogar o Mundial de 1980, pois sua transferência para o Grêmio (onde venceria em 1983) aconteceu antes da disputa atrasada de fevereiro de 1981.

O Mundial foi disputado no dia 11 de dezembro, com sol e tempo limpo, bem diferente da nevasca do ano anterior. O Nacional jogou com a base do tri, enquanto o PSV ganhou o acréscimo de Romário no ataque. O confronto foi movimentado e cheio de reviravoltas, no que muitos consideram como o melhor já jogado. Logo aos sete minutos, Ostolaza abriu o placar para El Bolso, de cabeça após um escanteio. O time holandês só empatou aos 30 do segundo tempo, quando Romário aproveitou uma bola mal afastada pelo goleiro Jorge Seré e também concluiu de cabeça.

Na prorrogação, aos cinco do segundo tempo, Hans Gillhaus sofreu pênalti. Koeman converteu e virou para o PSV. O árbitro já conferia o relógio quando, aos 14 minutos, o Nacional conseguiu um escanteio. Yubert Lemos levantou para Ostolaza cabecear. A zaga afastou a bola, mas depois de ela ultrapassar a linha. O 2 a 2 nos últimos segundos da partida levou a decisão aos pênaltis. Depois de 18 cobranças, Berry Van Aerle atirou nas mãos de Seré, enquanto Tony Gómez acertou o canto esquerdo do gol, marcando 7 a 6 e dando o último título mundial do Uruguai, o tri do Nacional.


Foto Masahide Tomikoshi

União São João Campeão Brasileiro Série C 1988

Depois do mundo confuso que foi o futebol brasileiro em 1987, houve uma nova reorganização para 1988. CBF e Clube dos 13 fizeram as pazes e montaram uma primeira divisão com 24 clubes e uma novidade: rebaixamento e acesso entre divisões. Logo abaixo do Campeonato Brasileiro, outros 24 times formaram a segunda divisão. E mais abaixo, 43 equipes fizeram parte da terceira divisão.

Era a terceira tentativa de um campeonato nacional no terceiro nível, mas a primeira com ligação direta com a divisão de cima. O campeão viria do interior paulista. Um clube jovem de Araras, com apenas sete anos de fundação, mas já integrante da elite do futebol de São Paulo.

Fundado em 1981, o União São João conseguiu a vaga na Série C de 1988 através de boa campanha no estadual. Todos os times da competição ficaram divididos em grupos regionalizados. O União ficou no grupo 9, ao lado Mogi Mirim, Fabril e Esportivo de Passos (ambos de MG). A estreia do Verdão foi no interior mineiro, com vitória por 1 a 0 sobre o Esportivo.

Na sequência, venceu dois jogos no Hermínio Ometto, 2 a 0 sobre o Fabril e 3 a 1 sobre o Mogi Mirim. No returno, a derrota para por 1 a 0 para o Fabril em Minas Gerais foi suplantada pela vitória por 1 a 0 sobre o Esportivo em Araras, o que classificou o União antecipadamente. Na última rodada, empatou sem gols com o Mogi Mirim e perdeu na disputa de pênaltis (a regra insólita valia para as três divisões). 

A Ararinha ficou na liderança do grupo com 13 pontos. Na segunda fase, o União ficou no grupo 5, com Brusque, Blumenau e Santo André. Começou fora de casa com empate por 1 a 1 e vitória nos pênaltis contra o Santo André. Depois, venceu por 1 a 0 o Blumenau fora de casa, fez 4 a 0 o Brusque em casa, perdeu por 2 a 1 para o Blumenau em Araras, e levou 2 a 0 do Brusque fora de casa.

A classificação veio só na rodada final, com vitória por 1 a 0 sobre o Santo André no Herminião. O União fez os mesmos 11 pontos, oito gols e saldo três do rival paulista, mas ficou na primeira posição pelo confronto direto.

Na terceira fase, o Verdão dividiu o grupo 2 com Marcílio Dias e Tiradentes (DF). Estreou com 0 a 0 e derrota nos pênaltis para o Tiradentes em Brasília. Depois, venceu por 1 a 0 o Marcílio Dias e por 3 a 1 o Tiradentes, ambos em casa. O União ainda perdeu para o Marcílio por 2 a 1 em Itajaí e precisou secar o adversário candango na rodada de folga, a última. Eles perderam pelo mesmo placar e no mesmo lugar. O time de Araras se classificou para a final com sete pontos.

A decisão foi um reencontro com o Esportivo de Passos. A ida foi em Minas Gerais, e o União empatou por 1 a 1, sofrendo o gol no segundo tempo. A volta foi no Hermínio Ometto, com a Ararinha marcando dois gols, de Kel e Odair. O empate adversário veio nos minutos finais, mas a melhor campanha garantia o título uniense. Depois desse 2 a 2, o União São João comemorou o título da Série C de 1988, maior conquista do clube até 1996, quando veio o título da Série B.

A campanha do União São João:
18 jogos | 10 vitórias | 2 empates | 6 derrotas | 23 gols marcados | 13 gols sofridos


Foto Arquivo/União São João

Inter de Limeira Campeã do Brasileiro Série B 1988

Depois da disputa da Série B de 1985, a competição passou por algumas reformulações. Em 1986, a CBF transformou a competição em Torneio Paralelo, com 36 times em quatro grupos, com o líder de cada subindo para a fase final do Brasileirão do mesmo ano, sem existir um campeão oficial. Todavia, Treze e Central de Caruaru se consideram campeões, mas Inter de Limeira e Criciúma não demonstram interesse em oficializar esse título.

Em 1987, a confusão entre Copa União/Clube dos 13 e Módulo Amarelo/CBF tornou a segunda divisão daquele ano uma competição obscura. Oficialmente, as duas competição eram de mesmo divisão, com a junção de campeões e vices em um quadrangular final. Isso nunca ocorreu, e o Sport é tido como campeão brasileiro.

Mas na época, o Módulo Amarelo era tratado como a Série B, com o título sendo dividido entre Sport e Guarani, naquele famoso empate em 11 a 11 nos pênaltis. E a Copa União era a Série A, com o Flamengo derrotando o Internacional e conquistando o tetra. Nisso, sobraram os Módulos Azul e Branco, dois grupos regionalizados com 24 clubes cada, e os três melhores de cada módulo jogando um triangular final.

O Americano do Rio venceu o Módulo Azul, e o Operário-MS venceu o Branco. A grosso modo, estas competições eram tratadas como uma terceira divisão, inclusive com os campeões ganhando vaga na Série B do ano seguinte, mas a confusão C13 x CBF com o passar dos anos transformou elas em um segundo nível de torneio nacional. De qualquer modo, não existe uma oficialização dos dois títulos.

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Em 1988, as coisas foram voltando aos eixos, e a Série B retornou no formato recomendado pela FIFA. Foram 24 clubes lutando por duas vagas de acesso, enquanto os quatro piores da Série A seriam rebaixados para o ano seguinte. O nome original da competição foi Divisão Especial. A competição foi criada praticamente do zero, com 22 times convidados ou indicados pelas federações.

Na primeira fase, os participantes foram divididos em quatro grupos regionalizados, com vaga para os quatro primeiros colocados. A Inter de Limeira passava por um momento histórico, havia vencido o Paulista de 1986, liderado um dos grupos da Série B naquele mesmo ano, e possuía um dos melhores elencos do interior brasileiro.

A Veterana ficou no grupo 3, e passou com tranquilidade pelas dez rodadas. Liderou com 22 pontos (seis a mais que o vice Botafogo-SP), cinco vitórias, quatro empates e uma derrota. A Série B usava o mesmo sistema de pontuação da Série A, as vitórias valiam três pontos, e os jogos empatados eram decididos nos pênaltis, com dois pontos para o ganhador, e um para o perdedor. A Inter venceu três das quatro disputas.

Na segunda fase, os 16 classificados foram separados em quatro grupos, com dois classificados cada. O Leão jogou no grupo 2, contra Joinville, Avaí e Atlético-GO. Em seis jogos, nova liderança com 16 pontos, quatro vitórias, um empate (vencido nos pênaltis) e uma derrota.

Na terceira fase, os oito sobreviventes formaram mais dois grupos, novamente com duas vagas cada. A Inter de Limeira ficou no grupo 1, contra Náutico, Valeriodoce-MG e Operário-MS. Absoluta, a Veterana venceu quatro jogos e empatou dois (ganhando um nas penalidades), marcando 15 pontos.

A equipe limeirense chegou na quarta fase de uma competição que parecia interminável, tanto que ela invadiu o ano de 1989. Foram quatro equipes jogando em busca das duas vagas de acesso e da final.  Contra Náutico, Ponte Preta e Americano-RJ, a disputa foi ponto a ponto com os dois primeiros. No fim, a Inter subiu com 12 pontos (um a mais que os outros), duas vitórias, três empates (vencidos) e uma derrota.

A final foi contra o Náutico em partida única, no Major Sobrinho em Limeira. E premiando a melhor campanha, a Inter venceu por 2 a 1 e se sagrou campeã da Série B, único título nacional do clube até a atualidade.

A campanha da Inter de Limeira:
29 jogos | 16 vitórias | 10 empates | 3 derrotas | 46 gols marcados | 25 gols sofridos


Foto Arquivo/Inter de Limeira

Bahia Campeão Brasileiro 1988

CBF e Clube dos 13 entraram em acordo no ano de 1988, e o Brasileirão daquele ano ocorreu de maneira mais enxuta, com 24 equipes. Copa União e Copa Brasil foram unidas em definitivo, e com um sistema de acesso e descenso recomendado pela FIFA. Os quatro piores times foram rebaixados para a segunda divisão de 1989, enquanto os dois melhores subiram para a elite.

As vitórias em 1988 valiam três pontos, em caráter experimental, sete anos antes da mudança definitiva. Mas, como sempre precisa haver algo estranho, a regra maluca era a decisão por pênaltis para todo jogo empatado no campeonato. O vencedor ficava com esse terceiro ponto. Diante de tudo isso, surge o Bahia, 29 anos depois, para vencer seu segundo brasileiro, no ano da reciclagem do torneio.

Os participantes foram divididos em dois grupos e dois turnos. No primeiro turno, os grupos se cruzaram. O Bahia entrou no grupo 2, e começou bem a competição, apesar de ter ficado em terceiro lugar na primeira fase. Foram cinco vitórias, cinco empates e duas derrotas, com 23 pontos (três extras) do Tricolor de Aço, ficando com quatro a menos que o líder Vasco e um a menos que o vice Grêmio, os classificados da vez.

No segundo turno, os times se enfrentaram dentro do próprio grupo, e o Bahia manteve a regularidade, fechando a segunda fase em quarto lugar, com seis vitórias, dois empates e três derrotas, marcando 21 pontos (um extra). A liderança seguiu com o Vasco, e o Cruzeiro avançou para o mata-mata em segundo. Como O Bahia tinha a melhor campanha do grupo entre os não-classificados, herdou uma das vagas do clube carioca. Dois times em cada grupo e em cada turno formaram a fase final.

Quarta campanha no geral, o Tricolor enfrentou o quinto colocado, o Sport. Na Ilha do Retiro, o Bahia conseguiu empate em 1 a 1. Na Fonte Nova, outro empate em 0 a 0, que prosseguiu na prorrogação. Por ter pontuação superior, o time baiano se classificou à semifinal. O adversário seguinte foi o Fluminense, do qual o Bahia conseguiu outro 0 a 0, no Maracanã. Em Salvador, mais de 110 mil pessoas empurraram o Tricolor de Aço rumo à vitória por 2 a 1 e a classificação para a final.

Todo o mata-mata ocorreu no ano de 1989, e Bahia e Internacional decidiram o título. Na Fonte Nova, o Tricolor tomou um susto, mas virou a partida para 2 a 1 e conseguiu a vantagem. No Beira-Rio, o time liderado por Bobô, Charles e Paulo Rodrigues teve raça, segurou mais um empate sem gols e venceu o título brasileiro, o segundo da história da Bahia.

A campanha do Bahia:
29 jogos | 13 vitórias | 11 empates | 5 derrotas | 33 gols marcados | 23 gols sofridos


Foto Adolfo Gerchmann/Placar